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Rebeca Oliveira (Porto do Pecém): Seguramos na mão de quem investe

19:33 23 de novembro de 2022 Por Daniel Oiticica

Rebeca Oliveira, Diretora de Relações Institucionais do Complexo Industrial e Portuário do Pecém

O Pecém não é só mais um terminal portuário. Desde dezembro de 2018 é um complexo industrial e portuário, formado por uma área industrial, o próprio Porto e a Zona de Processamento de Exportação (ZPE). Nesta entrevista, Rebeca Oliveira, responsável pelas relações institucionais de todo o complexo, explica as razões do crescimento da atividade do Porto e comenta o que o investidor vai encontrar se decidir investir no Ceará.

O Complexo do Porto do Pecém vem crescendo muito nos últimos anos. Quais são os pilares desse crescimento?
Ano passado, batemos nosso recorde de operação em 20 anos. Estamos trabalhando muito forte junto aos nossos parceiros, não só do Ceará, mas também de outros Estados. Hoje, trabalhamos com carga do Piauí, Tocantins, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Maranhão. E, no Ceará, temos grandes indústrias, como a Companhia Siderúrgica do Pecém, instalada no Complexo do Porto, que sozinha movimenta mais de dez milhões de toneladas.

O fato de estar no Ceará também ajuda…
O Ceará está mudando, o Ceará hoje não é palco apenas de indústrias familiares, temos grandes multinacionais e estão chegando novas indústrias para acompanhar estas que já estão instaladas. Hoje, o Porto do Pecém é destaque. Eu estou aqui há 12 anos. Antes, íamos para as feiras e tínhamos que convidar as pessoas a visitarem os nossos estandes. Hoje, trabalhamos com agenda. O mercado nos reconhece como um complexo. E temos uma produtividade de carga muito boa, o que diminui custos.  Nossa tabela de preços é muito acessível. Estamos em mar aberto, não temos custos de dragagem, não temos o custo do canal de acesso, e tudo isso é repassado para o cliente. Por isso, existem cargas que vêm de outros Estados muito distantes, às vezes mais de 5 mil quilômetros, mas que utilizam o Pecém para sair pela facilidade, pela localização, pela nossa estrutura que compensa trazer um navio. Além disso, temos uma profundidade natural, que é excepcional, uma das melhores do Brasil.

Poderia citar algum exemplo de logística que o porto atrai por todos esses fatores comentados?
Um exemplo são as frutas de Petrolina e Juazeiro, da Bahia. Elas não saem dos seus Estados, Bahia e Pernambuco, mas, sim, quase em sua totalidade, pelo estado do Ceará. Isso porque daqui sai direto para o primeiro porto da Europa e chega em apenas oito dias.

Como você enxerga o futuro do Complexo do Pecém, dentro do contexto de crescimento do Ceará?
Estão sendo assinados alguns Memorandos de Entendimento para o hub de hidrogênio verde que será instalado no Complexo. São todos projetos estratégicos. Temos um comitê de projeto estratégico que está lidando com isso. Trata-se de projetos a longo prazo, de cinco a sete anos, mas que precisam ser trabalhados agora. Isso vai dinamizar ainda mais as atividades do Complexo. Eu sempre digo para olharmos ao nosso redor. O Ceará que estamos vendo hoje e o de daqui a dez anos serão totalmente diferentes. Estamos na vanguarda. Nessa questão do hidrogênio, estamos dando o passo primeiro dos investimentos, dos estudos, e quem vier nos procurar, conversar conosco, terá as portas abertas também. Esta interação da comunidade portuária é muito importante, porque vai ser positivo para todo o Nordeste. A questão do sol, do vento, o hidrogênio verde vai ser muito forte aqui na nossa região e para o Brasil. Acreditamos nesta revolução que vai acontecer aqui no Estado do Ceará.

O que o investidor vai encontrar se decidir realizar um investimento no Complexo do Porto do Pecém?
Conversamos muito hoje com o nosso investidor. Temos uma política de segurar na mão de quem quer investir no Ceará. Somos um facilitador. Como o Complexo Portuário do Pecém, sendo 30% pertencente ao Porto de Roterdã e 70% do Governo do Estado, é um plano de Governo. Temos acesso à Secretaria da Fazenda, à Secretaria do Desenvolvimento Econômico e Trabalho, acompanhamos a Secretaria de Meio Ambiente e as Prefeituras. O complexo do Pecém hoje é metade em Caucaia, metade em São Gonçalo. Então, vamos mantendo esse relacionamento com as prefeituras dos dois municípios e nós somos esse facilitador. Esse é o primeiro passo. Temos uma Zona de Processamento de Exportação, a única em operação atualmente, que conta com benefícios fiscais, jurídicos e cambiais.