Onde Investir
Hub Tecnológico: Protagonismo global
14:07 14 de novembro de 2022 Por Daniel Oiticica
O Ceará vem se consolidando como porta de entrada brasileira para os grandes cabos submarinos internacionais de fibra ótica, transmissores de dados. Tal preferência ocorre pela localização geográfica da cidade de Fortaleza em relação à Europa, África e América do Norte. Existem atualmente, no Ceará, 14 cabos submarinos de grande capacidade de comunicação que chegam a Fortaleza, pela praia do Futuro, conectando o Brasil com o mundo.
A passagem desses cabos pelo território cearense abre possibilidades de desenvolvimento de novas empresas, novos negócios e até mesmo de novos segmentos no setor de serviços. As áreas promissoras são ser as de telecomunicações, datacenters e provedores de serviços de computação em nuvem, graças às vantagens em termos de velocidade, tempos de latência e segurança, além de atividades em pesquisa e desenvolvimento (P&D).
“Nessas condições, o Ceará passa a ter importância global na área de comunicação de dados. Todo o Hemisfério Sul do Atlântico depende das conexões existentes do nosso Estado. Dessa forma, as empresas de telecom fixam suas estações de logística digital aqui, gerando investimentos, além de renda e empregos de alta qualificação. Outro fator importantíssimo é o fato de que, ao sermos hub de comunicação de dados nesse mercado, passamos a ter enormes vantagens competitivas para a atração dos demais setores participantes da cadeia produtiva da Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC), como por exemplo, empresas ISP, estruturas de datacenters e grandes provedores globais de serviços em nuvem”, afirma Adalberto Pessoa, assessor especial de atração de investimentos para Comércio, Serviços e Inovação da Sedet.
Os resultados já podem ser vistos. No Ceará, o número de data centers mais que quadruplicou em dois anos. Um mês antes da pandemia de Covid-19 chegar ao Ceará, o estado contava com três data centers de grande porte. Hoje, esse número é mais de quatro vezes maior, com 13 centros de processamento de dados, o que representa um aumento de 333,3%. Quatro deles, inclusive, têm atuação internacional.
“Infraestrutura é extremamente importante. Precisamos que a tecnologia esteja disponível e principalmente com o link de internet já que trabalhamos muito com voz e dados. Então, precisávamos ter essa disponibilidade também na cidade, e a região do Cariri favoreceu. Temos vários provedores de internet na cidade, então, a tecnologia chega aqui com facilidade. Isso também foi um atrativo importante para empresa tomar a decisão”, afirma Hudson Mendes, executivo de operações da AeC, empresa de soluções tecnológicas de call center, com especialização em relacionamento com clientes, que mantém uma estrutura de call center em Juazeiro do Norte, com 4 mil colaboradores.
Uma boa base tecnológica também favorece a atração de negócios de mega indústrias tecnológicas. A Amazon, uma das maiores empresas de mundo, escolheu o Ceará para investir em sua área de dados. No dia 23 de setembro de 2021, a multinacional deu início as operações da Amazon Web Services, Inc. AWS, no Ceará. O serviço de armazenamento de dados em nuvem oferta soluções para organizações públicas e privadas sob demanda.
“Nós reconhecemos o constante esforço do Ceará em modernizar o ambiente de negócios e agradecemos todos os membros engajados em apoiar esse projeto de expansão, o que irá nos permitir servir nossos consumidores com mais excelência”, afirmou na época da inauguração o diretor de operações da Amazon no Brasil, Ricardo Pagani. Além disso, a companhia instalou um novo Centro de Distribuição (CD), o primeiro no estado e o terceiro no Nordeste, em Itaitinga, na Grande Fortaleza, que atenderá toda região Nordeste do Brasil.
O mercado de telecomunicações no Ceará vem crescendo acima da média nacional no Ceará, em relação à quantidade de lares conectados com banda larga fixa. Dados da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) revelam que em 2022 houve aumento superior a 165% no tráfego de dados. Esse tipo de conexão está presente em 25% dos domicílios no Ceará, enquanto a média nacional é de 20%. E a perspectiva é chegar a superar 1 milhão de conexões até 2025.
A Angola Cables, multinacional angolana operadora de cabos de telecomunicações fibra óptica que possui infraestrutura instalada em Fortaleza, projeta expansão com o crescimento do mercado.
Cinturão Digital do Ceará
O Ceará possui uma rede interna de fibra óptica superior a 140 mil Km, contando com parceiros privados, sendo o Estado mais conectado em banda larga do Brasil. O Cinturão Digital do Ceará, criado em 2007, é composto de uma estrutura (backbone) de fibra ótica contendo Anéis, Subanéis e Derivações (ramificações que saem do anel) com pontos que permitem sua interconexão. Ele viabiliza o acesso à internet de alta qualidade a todos os órgãos públicos do Estado e possibilita que a população tenha acesso a serviços digitais como internet, videoconferência, TV Digital, telefonia celular, aplicações de telemedicina, educação a distância, monitoramento de cargas nas fronteiras, câmeras de vigilância, entre outros. Trata-se de uma ferramenta indispensável ao desenvolvimento econômico do Ceará.
O Cinturão Digital do Ceará, desenvolvido pela Etice (Empresa de Tecnologia da Informação do Ceará), já está plenamente instalado em 133 cidades cearenses, alcançando 72% dos municípios e quase 90% da população. São 2.512 pontos conectados por 5.658 quilômetros de fibra própria. A conectividade integra, por exemplo, 664 pontos para operação das mais de 3.400 câmeras de videomonitoramento da segurança pública, oferta de wifi gratuito em 94 pontos do estado, e está presente em outros serviços, como nas áreas de saúde e educação. O projeto de ampliação para os 184 municípios, o Ceará Conectado, vai levar internet de graça para todos as cidades.
Multimídia
Rádio: Clayton Moreira, diretor de novos negócios no Brasil e América Latina da Angola Cables
Rádio: Ermeson Silva, líder de Inovação do Garagem Lab da UniFAP
Live: Açucena Gois, CEO e fundadora da IDSoft, e Igor Pontes, CEO e co-fundador da Pesse LogTech