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Logística e Infraestrutura: Caminhos para o crescimento

14:09 14 de novembro de 2022 Por Daniel Oiticica

Ao longo das últimas décadas, o Ceará investiu significativamente na ampliação e modernização da sua estrutura logística e de infraestrutura, ponto-chave na cadeia de produção econômica. Tecnicamente, a logística envolve a operação integrada de suprimentos e distribuição de produtos e serviços de forma racionalizada, desde a compra de matérias-primas à colocação dos produtos para serem efetivamente comercializados, passando pelo estoque e armazenamento, que depende de infraestrutura.

Além de ter um impacto significativo na competitividade de todos os setores da economia e produtos produzidos e vendidos em uma determinada região, a logística representa um negócio estratégico de geração de riqueza, principalmente quando estamos falando de um Estado com uma posição geográfica privilegiada, na chamada Esquina do Atlântico, como é o Ceará.

Dentro deste setor, são considerados os seguintes segmentos: Armazenamento e Atividades Auxiliares dos Transportes; Correio e Atividades de Entrega; Obras de Infraestrutura; Transporte Aquaviário; Transporte Aéreo; Transporte Terrestre.

Tendo em vista estas atividades, o Ceará, no seu plano de longo prazo, Ceará 2050, e no plano de médio prazo para o desenvolvimento econômico, Ceará Veloz, dá destaque à logística como elemento essencial para alcançar os objetivos de elevar a competitividade econômica e a renda média da população.

Do ponto de vista do interesse do investidor, o setor de logística pode ser analisado sob dois aspectos. O primeiro diz respeito à infraestrutura logística disponível para a realização das suas atividades-fim. O segundo está relacionado às oportunidades de investimento que o setor oferece às empresas que desejam fazer parte do sistema de logística do Ceará.

A infraestrutura do Ceará
O Ranking de competitividade dos Estados, elaborado pelo Centro de Liderança Pública (CLP), abrange uma série de indicadores de competitividade dos Estados brasileiros. Em 2022, o Ceará obteve a 13a posição no ranking de Competitividade dos Estados, ficando em segundo lugar entre os Estados do Nordeste.

Em relação ao pilar de infraestrutura, um dos parâmetros que formam este indicador de competitividade, o Ceará ocupa a 9ª posição em 2022, subindo duas posições em relação a 2021 e destacando-se como o segundo Estado do Nordeste com melhor desempenho nesse pilar.

Neste pilar, buscou-se compilar indicadores para os principais segmentos de infraestrutura, como rodovias, energia e telecomunicações. Ao incluir indicadores de acesso, custo e qualidade dos serviços ligados à infraestrutura, o pilar também buscou contemplar as diferentes dimensões do problema (situações de trade-off) e que afetam a competitividade dos Estados. Em alguns casos, o problema maior está na ausência pura e simples da infraestrutura; em outros casos a infraestrutura existe, porém é de má qualidade; finalmente, pode haver casos ainda em que há disponibilidade de infraestrutura de boa qualidade, mas com tarifas muito elevadas. Na composição do pilar, foram considerados, entre outros os indicadores de Qualidade do Serviço de Telecomunicações, Qualidade da Energia Elétrica, Qualidade das Rodovias e Disponibilidade de Voos Diretos.

Entre os indicadores em que o Ceará mais se destacou em 2022 estão Qualidade da Energia Elétrica e Qualidade das rodovias. Nos dois casos o Ceará subiu cinco posições no ranking em relação ao relatório de 2021. Por fim, cabe destacar o indicador de disponibilidade de voos diretos, no qual o Ceará ocupa a 11ª posição no país, sendo o 3º melhor Estado do Nordeste, o que condiz com o hub aéreo como estratégia de desenvolvimento do Estado.

Infraestrutura rodoviária
Em março de 2022, o Governo do Ceará apresentou os novos 738 km contemplados pelo Programa Ceará de Ponta a Ponta. São cerca de 900 milhões de reais (cerca de 170 milhões de dólares) aplicados em obras de pavimentação de rodovias estaduais, por meio de novos financiamentos junto ao Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e ao Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF), além de verba do Tesouro Estadual, visando à continuidade dos investimentos em infraestrutura rodoviária.

Com o pacote anunciado, a malha viária do Ceará deve ultrapassar os 9.300 km de extensão. As obras promovidas pelo Programa Ceará de Ponta a Ponta resultarão em mais integração viária, geração de empregos diretos e indiretos e mais segurança e agilidade para o tráfego no estado. O novo pacote de obras representa impacto direto a 62 municípios, entretanto beneficia todo o Estado uma vez que proporciona integração e estrutura adequada, melhorando as condições do ir e vir em todo o território.

Além da expansão de rotas, o trabalho da Superintendência de Obras Públicas (SOP), autarquia do Governo do Estado vinculada à Secretaria das Cidades, inclui manutenção e melhorias constantes na malha viária.

Outros projetos no setor rodoviário estão por chegar. Em setembro de 2022, o Senado brasileiro aprovou autorização para que o governo do Ceará contrate empréstimo de 150 milhões de dólares junto ao BID. O investimento será destinado ao financiamento parcial do Programa de Qualificação da Infraestrutura Rodoviária Estadual, o InfraRodoviária Ceará. Um dos objetivos é recuperar trechos degradados e pavimentar novas rodovias. Oportunidades para investidores do setor e mais qualidade na garantia de uma boa infraestrutura rodoviária para as empresas instaladas no Ceará.

Ferrovias
O sistema ferroviário do Ceará é operado em conjunto com a malha do Nordeste pela empresa Transnordestina Logística S.A – Ferrovia Transnordestina.

Portos
Os portos do Ceará acompanharam a evolução do setor de portos brasileiro, considerando ambos os portos, Mucuripe e Pecém. O Complexo Industrial e Portuário do Pecém, localizado no município de São Gonçalo do Amarante, a cerca de 60 quilômetros da cidade de Fortaleza, ocupa uma área de mais de 19 mil hectares. Tem como principal visão tornar-se o principal complexo industrial, portuário e hub logístico do Brasil até 2050.

Em 2021, 410.557 TEUs (unidade referente a um contêiner de 20 pés) foram movimentados no terminal portuário cearense. Um crescimento de 8,7% em relação à movimentação em 2020, quando 377.726 TEUs passaram pelo Porto do Pecém.

Segundos o ranking dos portos brasileiros e da região do Prata, elaborado pela Datamar News, o Porto do Mucuripe e do Pecém foram os portos que mais aumentaram seus volumes de exportação entre 2020 e 2021, crescendo 54,55% e 22,87%, respectivamente.

Transporte aeroviário
O Aeroporto Internacional de Fortaleza é o maior do estado movimentando anualmente mais de 3 milhões de passageiros e o Aeroporto Regional do Cariri em Juazeiro do Norte é o maior do interior do estado e um dos mais movimentados do interior do Nordeste. O Governo do Ceará tem cadastrado 68 aeroportos e pista de pousos. O Aeroporto de Aracati, com acesso ao litoral leste do estado, o Aeroporto de Camocin, com acesso ao litoral oeste e o Aeroporto de Quixadá, com acesso ao sertão cearense destacam-se por dar acesso a regiões turísticas. Outros aeroportos regionais de destaque são o Aeroporto de Sobral e o Aeroporto de Iguatu.

Vantagens competitivas do Ceará
– Posição geográfica estratégica
– Proximidade com os principais mercados ocidentais
– Proximidade geográfica com o Canal do Panamá, facilitando aos mercados orientais
– Terceira maior região de influência do Brasil em população, segundo o estudo do IBGE (Regiões de Influência)
– Resultados em ampliação de voos – 60 voos internacionais por semana atualmente – expectativa de ampliação no médio prazo
– Infraestrutura de aeroportos de médio e pequeno porte que conectam o Ceará a outros estados
-Terminais de carga próximos das fontes de produção

Ceará 2050: Esquina do Atlântico
O projeto de Estado de desenvolvimento de longo prazo do Ceará contempla o que chama de Programa Estratégico Logística do Atlântico. Valendo-se da localização geográfica privilegiada do Ceará, propõe o desenvolvimento da sua infraestrutura logística partir da integração de modais, da simplificação de barreiras alfandegárias e de outras melhorias capazes de potencializar a economia cearense.

Os projetos do programa foram estruturados analiticamente em quatro grupos. Inicialmente, são propostas ações de organização do setor para a sustentação das atividades logísticas a serem exploradas, distribuídas nos grupos “Estudo de Vocações”, “Infraestrutura”, “Qualificação dos serviços” e “Parcerias – Novos Empreendimentos”.

No que diz respeito ao Estudo de Vocações, o programa prevê elaborar estudo de viabilidade sobre concessões de rodovias estaduais e federais e elaborar estudo para a navegação de cabotagem no Porto do Pecém.

Para Infraestrutura, entre outras ações estão: Realizar estudo de viabilidade econômica para implantação de um terminal de cargas no aeroporto do Cariri; Realizar estudo para expansão da malha rodoviária existente para escoamento da produção nas diferentes regiões do Ceará; Concluir a ferrovia Transnordestina, no trecho de acesso ao Porto do Pecém; Implementar um porto-indústria (zoneamento de uso e ocupação e suprimento de infraestrutura); Requalificar o Porto do Mucuripe para navegação de cabotagem e turismo; Construir Terminais Intermodais de Carga em regiões estratégicas do estado, visando a melhoria da logística de transportes. Previsão de construção no CIPP, Cariri e Sobral (depósitos alfandegários também conhecidos como porto seco); Construir o Arco Metropolitano que circundará a região metropolitana da grande Fortaleza, garantindo a integração com o Porto do Pecém e facilitando a agilidade no escoamento de cargas e pessoas (CE-155 do entroncamento da BR-116 ao encontro com a BR-222; Realizar estudo para expansão da malha ferroviária existente para escoamento da produção nas diferentes regiões do estado.

Em Qualificação dos serviços, o programa contempla, entre outras ações, promover a integração dos portos do Mucuripe e do Pecém, no intuito de criar um corredor comercial estratégico do Brasil para o Oriente, via Canal do Panamá; Criar uma zona especial de livre comércio para estimular o turismo de compras, aproveitando a localização privilegiada do Ceará.

E em Parcerias e Novos empreendimentos, ampliar e consolidar novas rotas aéreas com parcerias nacionais e internacionais para a utilização dos aeroportos de Jericoacoara, Juazeiro do Norte, Aracati e de outros aeroportos regionais, entre outras ações.

Veja aqui, na página 180, todas as ações do Plano Logística do Atlântico.

Multimídia
Rádio: Clayton Moreira, diretor de novos negócios no Brasil e América Latina da Angola Cables

Rádio: Igor Pontes, co-fundador e CEO da Pesse LogTech

Live: Marcelo Maranhão, presidente do Setcarce (Sindicato de Empresas de Transporte de Cargas e Logística do Ceará), e Jurandir Picanço, consultor da Federação das Indústrias do Estado do Ceará

Live: Expedito Parente Jr., diretor de Infraestrutura e Patrimônio da Adece, e Airton Montenegro, consultor do Ceará 2050, arquiteto e urbanista, sócio da Urbi Consultores

Podcast: Adilson Benega, diretor comercial e financeiro da UniLink