Têxtil e Calçados: Portas abertas para o mundo
Um dos mais importantes setores da economia do Ceará, têxtil e calçados estão entre os primeiros segmentos mais representativos do Estado no mapa da produção industrial brasileira, gerando renda, empregos e abrindo muitas oportunidades para os investidores.
“Estamos sempre trabalhando para atrair indústrias que complementam a nossa cadeia de produção no Ceará. A de embalagens, por exemplo, é muito importante. Hoje, trazemos embalagens, tubo oco, tubo de papelão de outros estados, a centenas de quilômetros. Existe também a possibilidade de geração de um monte de serviços de manutenção. Temos muito espaço para pequenos, médios e grandes projetos de empresas que complementam a nossa cadeia”, afirma Marcel Imaizumi, Chief Operation Officer da Vicunha.
Uma das empresas emblema do Ceará, a Vicunha iniciou as operações no Estado em 1985. Esta multinacional brasileira presente na América Latina, Europa e Ásia, tem mais de 50 anos de mercado e é uma referência global em soluções jeanswear, atuando no segmento de tecidos denim e brim. Atualmente, a Vicunha conta com duas fábricas instaladas no Ceará que produzem 9 milhões de metros de tecidos por mês e empregam quase 4 mil pessoas.
Outra grande multinacional do setor, neste caso calçadista, a Vulcabras tem investido em modernização para ampliar seus negócios no Ceará. “Além de termos uma planta atualizada com as mais modernas tecnologias aplicadas na produção de calçados esportivos, contamos com o apoio muito importante dos governos, municipal e estadual. Os incentivos concedidos propiciam condições indispensáveis para que possamos competir com a concorrência internacional. Sem eles, por mais eficientes que sejamos, seria ainda mais desafiador fazer frente aos produtores asiáticos, que têm acesso a custos muito menores que os obtidos no Brasil”, afirma Wagner Dantas, Chief Financial Officer da Vulcabras.
A companhia investiu mais de 320 milhões de reais (cerca de 60 milhões de dólares) nos últimos quatro anos em uma moderna e sustentável fábrica e uma constante geração de empregos. Nos últimos tempos, conseguiu nacionalizar a fabricação de calçados tecnológicos, que antes eram importados e define o Ceará como o melhor lugar para a produção de calçados do Brasil.
O avanço das exportações
Os números comprovam a força do setor de Têxtil e Calçados no Ceará. Segundo o Centro Internacional de Negócios (CIN), da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), no setor de calçados, houve expansão de 39,2% nas exportações, no período de janeiro a setembro de 2022, na comparação com o mesmo período de 2021, efeito do grande polo calçadista do Ceará. Enquanto, entre janeiro e setembro do ano passado, foram comercializados externamente cerca de 159 milhões de dólares; em igual período deste ano, o número subiu para 221,4 milhões de dólares. Os calçados de borracha puxaram o índice para cima, tendo como principal parceiro comercial os Estados Unidos. Sozinho, este país recebeu o equivalente a 62 milhões de dólares em calçados cearenses.
O setor de confecções, que abrange as peças já fabricadas, também apresentou crescimento positivo nas exportações em 2022, com aumento de 30,8% nos nove primeiros meses do ano. Foram 4,1 milhões de dólares exportados, frente a 3,1 milhões de dólares em igual período de 2021. As exportações estão concentradas em produtos como sutiãs, maiôs e biquínis, além de espartilhos, suspensórios e ligas. O Paraguai é o destino principal, com mais de 1 milhão de dólares exportados.
No setor têxtil, que abrange apenas os tecidos, foi registrada uma leve queda nas exportações de 2,3%. Em 2021, foram exportados o equivalente a 41,2 milhões de dólares. E m 2022, o valor acumulado nos nove primeiros meses do ano foi de 40,2 milhões de dólares. As importações, por outro lado, subiram 2,8%. Os principais produtos exportados foram tecidos de algodão e outros tecidos de algodão, cujo destino foi, principalmente, para países como Colômbia, Argentina e Peru.
“O ponto forte do setor da Moda no Ceará é o Jeans Wear”, afirma Paulo Rabelo, presidente da Câmara Setorial da Moda. “Seguimos algumas pegadas bem interessantes com a história do design, já que Fortaleza foi eleita Cidade Criativa do Design em 2019 pela Unesco. Estamos muito concentrados em fabricar peças melhor elaboradas para conseguir mais espaço no mercado. De um modo geral, vemos uma economia circular um pouco mais forte, assim como uma moda autoral aparecendo, como não víamos antes. Cada vez mais surgem novas marcas. A moda cearense se descentralizou e os negócios estão mais pulverizados”, ressalta.
Um dos projetos mais relevantes para o setor é o 100% Ceará. Reunindo esforços de várias entidades e instituições como Fiec, Sindroupas, Câmara Setorial da Moda e Senai, a iniciativa é voltada para a formação, qualificação e criação de uma identidade para o setor industrial da moda cearense. O Projeto 100% Ceará leva capacitação a polos produtivos do interior do Estado, facilitando o acesso a cursos, workshops e encontros de capacitação e qualificação para micro e pequenas empresas, oficinas de costura e confecção, estimulando a redução da informalidade no setor.
“Na cidade de Marco, por exemplo, temos praticamente 70 confecções e todas elas voltada para moda íntima. A intenção do 100% Ceará é profissionalizar este polo, tanto com treinamento de costurabilidade, quanto como design e inovação. Estamos trabalhando para conseguir terrenos, obter galpões e colocar essas pessoas dentro de suas próprias fábricas. Ou seja, a inciativa está juntando elos para deixar a cadeia mais forte”, afirma Paulo.
Multimídia
Live: Joaquim Cartaxo, diretor superintendente do Sebrae Ceará, e Paulo Rabelo, presidente da Câmara Setorial da Moda
Podcast: Paulo Rabelo, presidente da Câmara Setorial da Moda