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Igor Pontes (Pesse LogTech): Tecnologia a serviço da Logística

19:54 14 de novembro de 2022 Por Daniel Oiticica

Igor Pontes, CEO e co-founder da Pesse Log Tech

Fundada a partir da junção de empresas de consultoria em logística e fábrica de softwares, a Pesse LogTech foi beneficiada pelo programa de Clusters do Ceará e agora está oferecendo uma solução de inteligência e transparência para a cadeia de transportes. Nesta entrevista, Igor Pontes, CEO e co-founder da companhia, detalha as soluções inovadoras que este sistema traz ao mercado e fala sobre as oportunidades da área de logística do Ceará.

O que é a Pesse LogTech?
Somos fruto da união de uma consultoria de logística e uma fábrica de softwares. Há aproximadamente dois anos atrás, essas duas empresas se juntaram e criaram uma startup para resolver problemas de visibilidade dentro da cadeia de transporte. Nosso trabalho tem o objetivo de levar mais inteligência e transparência na movimentação de caminhões, principalmente no transporte de cargas, por meio da captação de dados e geração de informações em tempo real. 

Que problemas vocês identificaram no mercado para desenvolver esta solução?
O problema refere-se ao fato de que o caminhão é uma máquina única e conta apenas com o motorista como seu operador, sendo que ambos não estão dentro de um ambiente fechado e controlado de uma fábrica ou uma indústria. Ou seja, é uma máquina e um motorista, que por estarem trabalhando de forma externa, não temos a real visibilidade do que está acontecendo. Criamos uma plataforma para que a empresa possa visualizar, em tempo real, o comportamento do motorista. Dessa forma, é possível acompanhar aspectos como velocidade, frenagem, paradas, ignição ligada do equipamento e se ele está se movimentando de forma indevida, o que gera gastos de combustível e desvio de rota. Essas informações são entregues as organizações a partir dos dados que captamos dos veículos.

Nesse caso, como esses dados beneficiam as empresas?
As empresas, de uma maneira geral, já contam com esses dados, no entanto, de forma muito superficial e sem condições de transformá-las em informações em tempo real. Diante disso, criamos um banco de dados no formato de Big Data e essas informações são captados por um aparelho chamado de telemetria, e colocado dentro dos caminhões. O passo seguinte é colocar as informações em um banco de dados e, em tempo real, gerar relatórios gerenciais para que os gestores das frotas tomem suas decisões.

Quais foram os benefícios que o programa de Clusters proporcionaram para a empresa?
Foi uma grande oportunidade de gerar mais visibilidade ao negócio. Passamos a ser constantemente convidados para eventos, o que é muito válido para uma startup. O programa também proporciona toda uma assessoria técnica. Além disso, temos também a questão do aporte o financeiro, das bolsas que recebemos e isso é muito importante para quem está começando. Tivemos um grande avanço e graças ao programa conquistamos o nosso primeiro cliente, a Companhia Siderúrgica do Pecém, a maior da indústria do Estado. Isso catapultou o nosso negócio em um nível maior e nos consolidou como uma empresa de tecnologia na área de transporte.

Quais são os planos de expansão da Pesse?
Estamos enfocados no mercado do Ceará e enxergamos um cenário muito grande de oportunidades locais e nacionais. Nos últimos meses, temos reforçado as parcerias comerciais, para alavancar as vendas.

Quais as grandes oportunidades estão abertas para esse mercado? Como essa área da logística pode despertar interesse de futuros investidores?
Vejo a logística como uma área bastante promissora. O Brasil, quando comparado a países desenvolvidos, principalmente no eixo Norte, mostra que temos um longo caminho a ser percorrido em termos de melhorias, aprendizado e expertise. Em tempos de inteligência, software, tecnologia e melhoria de processos, temos novas oportunidades. O capital investido nessa área hoje no Brasil, principalmente depois da pandemia de Covid-19, tem sido bem remunerado. Na questão do transporte de carga e armazenagem, o mercado brasileiro, de um modo geral, tem se sofisticado, copiando o modelo de países desenvolvidos. Ou seja, as empresas têm identificado que a área logística não é para amadores. Hoje, existe uma transição em que as empresas deixam de fazer transporte e armazenagem para terceirizar o serviço para quem é qualificado na área. Isso abre muitas oportunidades para que empresas transportadoras venham a investir, não só em caminhões, mas em tecnologia e pessoas qualificadas.

Quais são os potenciais do Ceará nesta área?
Quando falamos sobre transporte marítimo, por exemplo, o Porto do Pecém está se consolidando com um dos maiores polos do Brasil, o segundo maior no Norte e Nordeste brasileiro. Isso nos coloca numa posição muito vantajosa, não só em termos de capacidade de fazer o serviço com qualidade, mas inclusive com o benefício do posicionamento geográfico, que nos aproxima do mercado americano e europeu. O Ceará vem trabalhando nos últimos anos para se consolidar como um grande hub nessa área e um grande concentrador de cargas.

Quais são as oportunidades que se abrem para os investidores?
Isso pode ser muito melhor trabalhado e explorado, associado a questão portuária. Temos a oportunidade de nos colocarmos como um concentrador carga, principalmente para a região Centro-Oeste. Outro avanço é a Transnordestina. Também temos o aeroporto de Fortaleza, que depois da pandemia está voltando a crescer, com o anúncio de novos investimentos. Vamos ter espaços de armazenamento e hotéis, além de áreas de varejo.