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Fernando Botelho (Crusoé Foods): Capacidade de pesca ampliada

11:06 24 de novembro de 2022 Por Daniel Oiticica

Fernando Botelho, diretor de controladoria da Crusoé Foods

Fundada em 2014, a Crusoé Foods faz parte do grupo espanhol Jealsa, e vem protagonizando uma história de sucesso ao investir na indústria pesqueira Ceará, com sua unidade de produção localizada no município de São Gonçalo do Amarante, estrategicamente próxima do porto do Pecém, principal canal de escoamento das exportações. O diretor de controladoria da Crusoé Foods, Fernando Botelho, faz um balanço das atividades da empresa e das expectativas em relação ao futuro do setor.

Como você avalia o cenário atual para o setor de pesca no Ceará e o que levou a Crusoé Foods a investir no desenvolvimento dessa atividade no estado?
O Ceará foi uma grande e positiva surpresa para a Crusoé. A pesca do atum que ajudamos a desenvolver na costa cearense fez com que praticamente toda a matéria-prima de atum processada pela Crusoé venha do Ceará. E hoje esse produto é de altíssima qualidade e muito competitivo no mercado.

Como o Ceará está posicionado no mercado da pesca, tanto do ponto de vista interno como internacional?
O Ceará sempre teve participação expressiva na exportação de crustáceos, com destaque para a lagosta, além de peixes vermelhos, como o pargo. A partir da implantação da Crusoe Foods, passou a ser um grande player brasileiro no atum. Durante o ano, o Ceará ocupa por vários meses a liderança na exportação de atum, tanto de matéria-prima como produto terminado, que tem destaque pelo elevado valor agregado da cadeia, desde a mão-de-obra ao aço das embalagens e a cobertura de óleo de soja e azeite do produto. Hoje o atum processado da Crusoe Foods chega a mercados como o dos Estados Unidos, Chile e República Dominicana, entre outros da América Latina.

Quando a gente fala da indústria da pesca, um dos fatores mais importantes é a logística. Qual a importância da criação de um entreposto pesqueiro no Ceará?
Com o avanço do setor, investimentos passam a ser necessários. No Ceará a pesca é quase na totalidade artesanal, com embarcações de pequeno porte operadas por pequenos grupos de marinheiros. Por isso a necessidade de um entreposto pesqueiro, um local para o desembarque da pesca, com qualidade e eficiência, é de vital importância para o desenvolvimento da cadeia, desde o momento da pesca até o ingresso do peixe na indústria e nos locais em que vai ser comercializado, com toda a capacidade de rastreabilidade e a segurança no manuseio.

No Brasil, além do Ceará, onde a Crusoé está presente?
Aqui no estado temos a nossa planta em São Gonçalo do Amarante e o centro de distribuição em Caucaia. Além disso temos outros dois centros de distribuição no Espírito Santo e em São Paulo. Nosso escritório administrativo fica em Fortaleza e temos um escritório comercial em São Paulo.

Quais os planos de expansão da Crusoe Foods no estado?
Temos feito nos últimos três anos investimentos que garantiram crescimento em ritmo acelerado da empresa no Brasil. Para os próximos anos temos a perspectiva de construção de uma fábrica de farinha para a conversão do subproduto do pescado. Também temos previsão de investimentos na área de nutracêuticos, para produzir insumos como o Omega 3, dirigido ao setor farmacêutico. Além disso, vamos ampliar nossa fábrica de embalagens, inaugurada em 2020. Esses são os projetos futuros para que a Crusoé Foods continue a crescer no país.

Como você avalia a contribuição da Crusoé Foods para a economia cearense e quais são os próximos passos dessa parceria com o estado?
Nosso primeiro ponto de entrega para a sociedade cearense são as cerca de 750 vagas de trabalho geradas pela empresa, além de vários empregos indiretos gerados através da pesca. Temos ampliado bastante a capacidade de pesca do atum no Ceará, contribuindo para a balança comercial, geração de trabalho e arrecadação de impostos. A contrapartida fundamental que o estado nos dá é o apoio aos projetos, através da Sedet, sempre de portas abertas para discutir novas parceiras. É uma via de mão dupla entre a Crusoé e o estado no sentido do crescimento mútuo.