Wagner Dantas (Vulcabras): Tecnologia e alta performance
Wagner Dantas, Chief Financial Officer da Vulcabras
Mais de 320 milhões de reais (cerca de 60 milhões de dólares) investidos nos últimos quatro anos, uma fábrica moderna e sustentável e uma constante geração de empregos fazem da Vulcabras, uma das mais importantes empresas do Ceará. Nesta entrevista, Wagner Dantas, Chief Financial Officer, da Vulcabras, revela como foi possível nacionalizar a fabricação de calçados tecnológicos, que antes eram importados, e por que o Ceará é o melhor lugar para a produção de calçados do Brasil.
Como foi o último ano para a Vulcabras no Ceará?
Temos no Ceará a maior e mais moderna planta da Companhia. Os últimos 12 meses foram exitosos para a Vulcabras no Ceará. Os resultados obtidos nos últimos 12 meses (outubro de 2021 a setembro de 2022), quando comparados ao mesmo período do ano anterior, demonstram isso. A receita a partir da planta no Ceará cresceu 36%, geramos mais de 700 novas vagas de emprego e ampliamos a produção em 6%. Nos últimos quatro anos investimos cerca de 320 milhões de reais (cerca de 60 milhões de dólares) em ativos imobilizados e intangíveis na planta do Ceará.
Recentemente, a Vulcabras aumentou a sua fábrica no Ceará, com investimento de 120 milhões de reais (cerca de 22,6 milhões de dólares), expansão de 7 mil m² e máquinas de última geração. Quais são os fatores que levaram a empresa a fazer este investimento?
Em 2017 a Vulcabras decidiu concentrar seus negócios no segmento de artigos esportivos, tendo como carro chefe a divisão de calçados esportivos. Na implementação dessa estratégia, a companhia buscou encorpar o seu portfólio de marcas e em 2018 se tornou licenciada exclusiva da marca Under Armour e, em 2021, da marca Mizuno. Essas novas marcas, aliadas à marca própria Olympikus, passaram a representar uma fatia relevante do mercado de calçados esportivos comercializados no Brasil. Desde 2018 foram realizados grandes investimentos na modernização e na ampliação do parque fabril do Ceará. Ampliações foram realizadas e novos equipamentos, com novas tecnologias foram incorporados, todos esses investimentos permitiram a ampliação da capacidade instalada e possibilitaram a nacionalização da produção de vários modelos de calçados das marcas UA e Mizuno, que até então eram importados.
Em 2020, a companhia anunciou a transferência de parte de suas operações de Sergipe para o Ceará. O que levou a companhia a tomar esta decisão?
Com a decisão estratégica de focar na produção e comercialização de calçados esportivos, começamos a colocar o plano em prática. Em 2020 vendemos a planta do Sergipe, que era focada na produção dos calçados com a marca Azaleia. O portfólio da marca Azaleia era constituído de sapatos, sandálias femininas e tênis casuais. A produção dos sapatos e sandálias foi descontinuada e a produção dos tênis casuais foi transferida para o Ceará. A decisão de se levar a produção dos calçados esportivo do Sergipe para o Ceará se deu devido a maior vocação e preparo da planta do Ceará para a produção desse tipo de calçado.
Como as novas tecnologias estão impactando a produção no Ceará?
Os investimentos realizados na modernização da planta do Ceará elevaram para um novo patamar a nossa capacidade de produzir produtos com elevado nível de complexidade tecnológica, através de inovadores processos produtivos. Hoje, a planta do Ceará se equipara às fábricas mais eficientes da Ásia. Com as novas tecnologias e os novos processos introduzidos foi possível nacionalizar a produção dos calçados mais tecnológicos das marcas Under Armour e Mizuno, que até então eram somente importados. Em Olympikus, usufruindo dessas novas tecnologias, foram lançados produtos de alta performance para corridas, que se equiparam em atributos e qualidade aos melhores produtos das marcas internacionais e, ainda entregando vantagens competitivas muito mais atraentes aos consumidores.
A partir do Ceará, para que países exportam e quais são as facilidades e vantagens de estar no Ceará para a operação de exportação?
Os calçados produzidos no Ceará são exportados para cerca de 20 países, principalmente países das Américas do Sul e Central. A farta malha logística, a proximidade com o porto e a rapidez nos trâmites documentais fazem do Ceará um ótimo ponto focal para a exportação de produtos.
Como a Vulcabras avalia a qualidade da mão de obra local?
A mão de obra que temos em nossa fábrica é altamente treinada e atinge níveis de excelência em produtividade. O turnover é baixo e o grau de comprometimento por parte dos colaboradores e altíssimo. Cursos de aperfeiçoamento são ministrados continuamente. Mantemos uma escola técnica dentro do parque fabril para a formação de jovens aprendizes que, em sua grande maioria, futuramente terão sua primeira oportunidade de emprego na própria Vulcabras.
Quais são os pontos fortes do Ceará como Estado que ajudam a companhia a obter os bons resultados em termos de faturamento?
Além de termos uma planta atualizada com as mais modernas tecnologias aplicadas na produção de calçados esportivos, contamos com o apoio muito importante dos governos, municipal e estadual. Os incentivos concedidos propiciam condições indispensáveis para que possamos competir com a concorrência internacional. Sem eles, por mais eficientes que sejamos, seria ainda mais desafiador fazer frente aos produtores asiáticos, que têm acesso a custos muito menores que os obtidos no Brasil.
A Vulcabras é uma empresa comprometida com o meio ambiente e a sustentabilidade. Foi a primeira a receber o Selo ESG-Fiec pela atuação em prol da sustentabilidade sob os pontos de vista ambiental, social e de governança corporativa. O Ceará também caminha forte nesta direção com importantes estratégias como a transição energética, entre outras. Como a Vulcabras trata desta questão da sustentabilidade no Ceará e que projetos existem neste sentido?
A Vulcabras tem como propósito construir um país melhor a partir do esporte, gerando impacto positivo para toda a sociedade por meio da sua atuação no mercado de artigos esportivos. Os nossos pilares para atuação socioambiental são apoiados no uso de energia limpa, fomento da economia circular, reuso e economia de água, além de responsabilidade com as comunidades onde atuamos. São ações que, somadas a uma gestão responsável, têm sustentado um crescimento com olhar para o futuro e benefícios para todos: consumidores, investidores e meio ambiente. Inclusive, lançamos recentemente o Esporte pelo Brasil 2030, um plano de ação focado em construir um país melhor, com ambições a serem trabalhadas pela Vulcabras até 2030. A companhia pretende ampliar ainda mais a compra de insumos e serviços de empresas nacionais, somada a outras intenções de trabalho socioambiental: redução de resíduos nas operações; redução da emissão de CO2; celebração e promoção da diversidade e igualdade nas operações, assim como incentivo de prática esportiva. O plano detalhado pode ser encontrado no nosso Relatório de Sustentabilidade.
Quais são os grandes desafios da Vulcabras no Ceará, olhando para o futuro?
Os desafios da Vulcabras no Ceará são semelhantes aos desafios que a indústria calçadista brasileira enfrenta na competição com produtos de produção asiática. Apesar de sermos mais eficientes, os custos asiáticos são muito mais baixos que os brasileiros, em especial o custo da mão de obra, que não segue as mesmas regulamentações e encargos que temos por aqui. A Vulcabras segue firme com o seu propósito de construir um país melhor a partir do esporte, através de inovação, força das suas marcas e com um time vencedor, capaz de transformar em realidade um propósito de transformação, passando pelas localidades em que estamos instalados e chegando até cada consumidor dos nossos produtos.