Wagner Dantas (Vulcabras): Tecnologia e alta performance

19:45 14 de novembro de 2022 Por Daniel Oiticica

Wagner Dantas, Chief Financial Officer da Vulcabras

Mais de 320 milhões de reais (cerca de 60 milhões de dólares) investidos nos últimos quatro anos, uma fábrica moderna e sustentável e uma constante geração de empregos fazem da Vulcabras, uma das mais importantes empresas do Ceará. Nesta entrevista, Wagner Dantas, Chief Financial Officer, da Vulcabras, revela como foi possível nacionalizar a fabricação de calçados tecnológicos, que antes eram importados, e por que o Ceará é o melhor lugar para a produção de calçados do Brasil.

Como foi o último ano para a Vulcabras no Ceará?
Temos no Ceará a maior e mais moderna planta da Companhia. Os últimos 12 meses foram exitosos para a Vulcabras no Ceará. Os resultados obtidos nos últimos 12 meses (outubro de 2021 a setembro de 2022), quando comparados ao mesmo período do ano anterior, demonstram isso. A receita a partir da planta no Ceará cresceu 36%, geramos mais de 700 novas vagas de emprego e ampliamos a produção em 6%. Nos últimos quatro anos investimos cerca de 320 milhões de reais (cerca de 60 milhões de dólares) em ativos imobilizados e intangíveis na planta do Ceará. 

Recentemente, a Vulcabras aumentou a sua fábrica no Ceará, com investimento de 120 milhões de reais (cerca de 22,6 milhões de dólares), expansão de 7 mil m² e máquinas de última geração. Quais são os fatores que levaram a empresa a fazer este investimento?
Em 2017 a Vulcabras decidiu concentrar seus negócios no segmento de artigos esportivos, tendo como carro chefe a divisão de calçados esportivos. Na implementação dessa estratégia, a companhia buscou encorpar o seu portfólio de marcas e em 2018 se tornou licenciada exclusiva da marca Under Armour e, em 2021, da marca Mizuno. Essas novas marcas, aliadas à marca própria Olympikus, passaram a representar uma fatia relevante do mercado de calçados esportivos comercializados no Brasil. Desde 2018 foram realizados grandes investimentos na modernização e na ampliação do parque fabril do Ceará. Ampliações foram realizadas e novos equipamentos, com novas tecnologias foram incorporados, todos esses investimentos permitiram a ampliação da capacidade instalada e possibilitaram a nacionalização da produção de vários modelos de calçados das marcas UA e Mizuno, que até então eram importados.  

Em 2020, a companhia anunciou a transferência de parte de suas operações de Sergipe para o Ceará. O que levou a companhia a tomar esta decisão?
Com a decisão estratégica de focar na produção e comercialização de calçados esportivos, começamos a colocar o plano em prática. Em 2020 vendemos a planta do Sergipe, que era focada na produção dos calçados com a marca Azaleia. O portfólio da marca Azaleia era constituído de sapatos, sandálias femininas e tênis casuais. A produção dos sapatos e sandálias foi descontinuada e a produção dos tênis casuais foi transferida para o Ceará. A decisão de se levar a produção dos calçados esportivo do Sergipe para o Ceará se deu devido a maior vocação e preparo da planta do Ceará para a produção desse tipo de calçado.

Como as novas tecnologias estão impactando a produção no Ceará?
Os investimentos realizados na modernização da planta do Ceará elevaram para um novo patamar a nossa capacidade de produzir produtos com elevado nível de complexidade tecnológica, através de inovadores processos produtivos. Hoje, a planta do Ceará se equipara às fábricas mais eficientes da Ásia. Com as novas tecnologias e os novos processos introduzidos foi possível nacionalizar a produção dos calçados mais tecnológicos das marcas Under Armour e Mizuno, que até então eram somente importados. Em Olympikus, usufruindo dessas novas tecnologias, foram lançados produtos de alta performance para corridas, que se equiparam em atributos e qualidade aos melhores produtos das marcas internacionais e, ainda entregando vantagens competitivas muito mais atraentes aos consumidores.

A partir do Ceará, para que países exportam e quais são as facilidades e vantagens de estar no Ceará para a operação de exportação?
Os calçados produzidos no Ceará são exportados para cerca de 20 países, principalmente países das Américas do Sul e Central. A farta malha logística, a proximidade com o porto e a rapidez nos trâmites documentais fazem do Ceará um ótimo ponto focal para a exportação de produtos. 

Como a Vulcabras avalia a qualidade da mão de obra local?
A mão de obra que temos em nossa fábrica é altamente treinada e atinge níveis de excelência em produtividade. O turnover é baixo e o grau de comprometimento por parte dos colaboradores e altíssimo. Cursos de aperfeiçoamento são ministrados continuamente. Mantemos uma escola técnica dentro do parque fabril para a formação de jovens aprendizes que, em sua grande maioria, futuramente terão sua primeira oportunidade de emprego na própria Vulcabras.   

Quais são os pontos fortes do Ceará como Estado que ajudam a companhia a obter os bons resultados em termos de faturamento?
Além de termos uma planta atualizada com as mais modernas tecnologias aplicadas na produção de calçados esportivos, contamos com o apoio muito importante dos governos, municipal e estadual. Os incentivos concedidos propiciam condições indispensáveis para que possamos competir com a concorrência internacional. Sem eles, por mais eficientes que sejamos, seria ainda mais desafiador fazer frente aos produtores asiáticos, que têm acesso a custos muito menores que os obtidos no Brasil.

A Vulcabras é uma empresa comprometida com o meio ambiente e a sustentabilidade. Foi a primeira a receber o Selo ESG-Fiec pela atuação em prol da sustentabilidade sob os pontos de vista ambiental, social e de governança corporativa. O Ceará também caminha forte nesta direção com importantes estratégias como a transição energética, entre outras. Como a Vulcabras trata desta questão da sustentabilidade no Ceará e que projetos existem neste sentido?
A Vulcabras tem como propósito construir um país melhor a partir do esporte, gerando impacto positivo para toda a sociedade por meio da sua atuação no mercado de artigos esportivos. Os nossos pilares para atuação socioambiental são apoiados no uso de energia limpa, fomento da economia circular, reuso e economia de água, além de responsabilidade com as comunidades onde atuamos. São ações que, somadas a uma gestão responsável, têm sustentado um crescimento com olhar para o futuro e benefícios para todos: consumidores, investidores e meio ambiente. Inclusive, lançamos recentemente o Esporte pelo Brasil 2030, um plano de ação focado em construir um país melhor, com ambições a serem trabalhadas pela Vulcabras até 2030. A companhia pretende ampliar ainda mais a compra de insumos e serviços de empresas nacionais, somada a outras intenções de trabalho socioambiental: redução de resíduos nas operações; redução da emissão de CO2; celebração e promoção da diversidade e igualdade nas operações, assim como incentivo de prática esportiva. O plano detalhado pode ser encontrado no nosso Relatório de Sustentabilidade.

Quais são os grandes desafios da Vulcabras no Ceará, olhando para o futuro?
Os desafios da Vulcabras no Ceará são semelhantes aos desafios que a indústria calçadista brasileira enfrenta na competição com produtos de produção asiática. Apesar de sermos mais eficientes, os custos asiáticos são muito mais baixos que os brasileiros, em especial o custo da mão de obra, que não segue as mesmas regulamentações e encargos que temos por aqui. A Vulcabras segue firme com o seu propósito de construir um país melhor a partir do esporte, através de inovação, força das suas marcas e com um time vencedor, capaz de transformar em realidade um propósito de transformação, passando pelas localidades em que estamos instalados e chegando até cada consumidor dos nossos produtos.