Paulo Rabelo (Moda): Um verdadeiro ganha-ganha
Paulo Rabelo, presidente da Câmara Setorial da Moda
O mercado da moda, sem dúvida, é um dos pontos fortes do Ceará e está em expansão, principalmente, com o desenvolvimento de novas tecnologias voltadas para o design, assim como para a qualificação da mão de obra. Existe espaço para todos, pequenos, grandes e médios empreendimentos. A Câmara Setorial da Moda cumpre um papel fundamental neste setor, unindo elos e defendendo os interesses dos profissionais da área, como conta Paulo Rabelo, presidente da Câmara.
Que balanço você faz da indústria da moda do Ceará?
O ponto forte da área é o Jeans Wear. Seguimos algumas pegadas bem interessantes com a história do design, já que Fortaleza foi eleita Cidade Criativa do Design em 2019 pela Unesco. Estamos muito concentrados em fabricar peças melhor elaboradas para conseguir mais espaço no mercado. De um modo geral, vemos uma economia circular um pouco mais forte, assim como uma moda autoral aparecendo, como não víamos antes. Cada vez mais surgem novas marcas. A moda cearense se descentralizou e os negócios estão mais pulverizados.
De que forma a Câmara Setorial da Moda contribui para o desenvolvimento do setor?
A Câmara Setorial da Moda está disponível para unir elos da moda e do mercado. Existem muitos projetos interessantes, mas estas iniciativas estão pulverizadas e pouco conectadas. O nosso trabalho é juntar os elos que estão separados e fazer a união com entidades para que, juntos, possamos chegar a um objetivo. Outro objetivo é tornar o mercado mais sustentável. Estamos com um projeto de criação de ecopontos em Fortaleza, para que as pessoas que queiram jogar suas roupas fora possam fazer isso de uma forma sustentável e no local correto. As associações que querem esse material podem pegá-lo e transformá-lo em um novo produto. O nosso foco na moda é fomentar essas ideias, fomentar inovação, por meio de novos designers e novos produtos e de modo mais sustentável e circular.
O projeto 100% Ceará é um exemplo disso...
Temos confecções no interior do Ceará em que notamos que os produtores só fazem copiar produtos e colocar no mercado. Então, a intenção deste projeto é profissionalizar estas pessoas. Ou seja, ajudar os profissionais que contam com pouca informação e criar um branding. Desta forma, ajudamos todos a conseguirem um posicionamento de mercado para que eles possam crescer no mercado da Moda. O Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) também ajuda com a parte de treinamento.
Você poderia dar um exemplo do alcance do projeto?
Na cidade de Marco, por exemplo, temos praticamente 70 confecções e todas elas voltada para moda íntima. A intenção do 100% Ceará é profissionalizar este polo, tanto com treinamento de costurabilidade, quanto como design e inovação. Estamos trabalhando para conseguir terrenos, obter galpões e colocar essas pessoas dentro de suas próprias fábricas. Ou seja, a inciativa está juntando elos para deixar a cadeia mais forte.
Que mensagem você passaria para esses designers e investidores que pretendem entrar nesse mercado?
Que elas possam procurar suas entidades representantes como a Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec) ou a Fecomércio, porque nesses locais há pessoas para ajudar. Todas estas instituições fazem um excelente trabalho de conexão entre as empresas pequenas, médias e de grande porte. Eles recebem empreendimentos de todos os tamanhos e, sem dúvidas, vão identificar, os problemas de cada um.
Como você avalia hoje o ambiente de negócios do Ceará?
Quanto mais eu viajo, mais eu admiro o Ceará. Até brincamos que se trata “Do Meu País Ceará”. Quando fomos para feira da Febratex, em Blumenau, o maior evento da América Latina em maquinário, o Estado apoiou incentivando, oferecendo galpões. O Ceará está sempre aberto para novas empresas. Os cálculos mais otimistas indicam que em cinco anos, o Ceará vai quintuplicar o seu Produto Interno Bruto. Temos grandes empresas no Ceará e outras empresas estão vindo e isso vai trazer muitos investimentos paro o nosso setor e cada vez mais empregos. Temos aqui a Zona de Processamento e Exportação (ZPE), que poucos lugares do Brasil têm. Também temos a cidade mais conectada do Brasil com cabos submarinos, o que atrai empresas de tecnologia. É um verdadeiro “ganha-ganha”. O Ceará está em um momento vibrante e isso precisa ser fomentado, precisamos surfar nessa onda.