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Transformação energética a todo vapor

14:58 4 de dezembro de 2022 Por Daniel Oiticica

O potencial de energias renováveis do brasil é superior a 18 vezes a sua demanda até 2050. Nos últimos três anos, o Ceará avançou como nunca na transformação de sua matriz energética, rumo a uma geração de energia ambientalmente sustentável. De 2019 a 2022, o crescimento do volume de geração de energia renovável no Estado, solar e eólica chegou a 25%, de acordo com a Aneel. E este número vai continuar crescendo.

A matriz de energia elétrica do Ceará é composta atualmente por 39% de geração termelétrica e 60% de renovável (solar e eólica), segundo dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) de 2022. O Ceará conta com 159 empreendimentos em plena operação, o que totaliza um pouco mais de 5,2 gigawatts (GW) de potência instalada. Deste total, 3,2 GW correspondem a fontes renováveis e 2 GW, de fonte térmica.

Em agosto de 2022, o Ceará contava com 30 usinas termelétricas, 99 parques eólicos e 29 solares. Toda esta produção de energia é lançada no Sistema Interligado Nacional (SIN), órgão responsável pelo repasse para a distribuição no país.

O objetivo do Ceará é ampliar parcerias e se consolidar como referência em energia limpa, criando novas oportunidades e gerando mais empregos, além de contribuir de para a preservação do meio ambiente. O fortalecimento da matriz energética de baixo carbono no Ceará está consolidado em um decreto que institui o Plano Estadual de Transição Energética Justa – Ceará Verde, de maio de 2022, documento que vai possibilitar a criação de uma ambiência favorável para atrair novos investimentos e financiamentos na área. O Ceará já conversa com o Banco Mundial para estabelecer parcerias de assistência técnica na área de energia limpa.

Entre as diretrizes do Ceará Verde estão: cooperação com o setor produtivo e com agências nacionais e internacionais de fomento à pesquisa, desenvolvimento e inovação, visando implantar e fortalecer a estrutura científico-tecnológica e apoiar projetos de desenvolvimento e de transferência de tecnologias voltadas à produção, processamento e utilização de Energias Renováveis, Biocombustíveis, Hidrogênio Verde e seus Derivados; e a idealização de políticas públicas que contemplem objetivos e metas para pesquisa, inovação, produção, processamento, utilização e comercialização de Energias Renováveis, Biocombustíveis, Hidrogênio Verde e seus Derivados.

Projetos de energia eólica no Ceará

São 174 projetos em 21 municípios, dos quais 99 estão em operação, 1 com a construção iniciada, 28 para começar a construção e 46 em fase de Despacho de Requerimento de Outorga (DRO).

Grande parte da energia gerada por energias renováveis será utilizada para o projeto do Hub de geração de Hidrogênio Verde. Além dos próprios investimentos em Energia e no Hub de Hidrogênio, estes desenvolvimentos trazem com ele uma série de novas oportunidades em setores correlatos das suas cadeias de produção.

Segundo Constantino Frate, coordenador de Atração de Empreendimentos Industriais Estruturais da Sedet, estamos falando de petroquímica básica, produção de gasolina, diesel, combustível de aviação, fertilizantes, tintas, plásticos, solventes, equipamentos como fill cells, que são os equipamentos que vão acoplados ao motor para transformar o hidrogênio em corrente elétrica e acionar o motor elétrico, por exemplo.

Além de sistemas de abastecimento de hidrogênio, bombas, dispensers, compressores, baterias, empresas de serviço, empresas de engenharia, empresas de construção e montagem, empresas de manutenção e empresas de consultoria. Também existe a oportunidade de se criar uma indústria nova no Ceará, a de estaleiros especializados em fabricar estruturas para a geração de energia eólica offshore.

A BI Energia apostou no Ceará para implementar o primeiro complexo Eólico Offshore do país, no município de Caucaia. Em produção máxima, o complexo eólico de Caucaia será capaz de suprir a necessidade de consumo energético residencial de 30% do Estado do Ceará. Em fase de obtenção de licenças, este primeiro projeto da empresa vem recebendo o apoio do Estado e deverá gerar novos negócios e empregos.

“Temos três projetos em avaliação pelo Ibama. Caucaia, que é o mais avançado, e deverá gerar 576 MW; a usina de Camocim, também no Ceará, que terá capacidade de 1.200 MW e mais um no Rio Grande do Norte, a usina de Pedra Grande, de 624 MW”, afirma Lucio Bomfim, sócio da BI Energia.

Projetos de energia solar no Ceará


O Ceará tem hoje 737 projetos de energia solar, distribuídos em 36 municípios. Deste total, 26 estão em operação, 2 com a construção iniciada e 100 para começar a serem construídos. Além disso, existem 606 projetos em fase de DRO.

O Complexo Solar Alex, da Elera Renováveis, localizado entre os municípios de Limoeiro do Norte e Tabuleiro do Norte, na BR 437, a cerca de 230 Km de Fortaleza, completou um ano de operação, contribuindo significativamente para o desenvolvimento social e ambiental da região. Foram investidos 950 milhões de reais (cerca de 180 milhões de dólares), dos quais 6 milhões de reais (cerca de 1,1 milhão de dólares) foram destinados a iniciativas de ESG (Ambiental, Social e Governança). Com capacidade de geração de 360MWp, energia suficiente para abastecer quase um milhão residências. Nos nove parques solares que compõem o complexo, existem 810 mil módulos de geração de energia em uma área de 830 hectares. Durante a fase de construção, o Complexo Alex, gerou 1.300 empregos diretos e 2.500 indiretos, destes, cerca de 40 empregos estão ligados direta ou indiretamente à operação do empreendimento, com cerca de 70% da mão de obra da região.

A empresa Omega, uma das maiores empresas brasileira do setor de energias renováveis, também construirá um parque solar fotovoltaico com 4,6 GW de potência instalada e 8 milhões de placas. Deve ocupará 8 mil hectares na região de Aracati e Icapuí.

Biogás
O Ceará também transforma lixo em ativo energético, com uma das maiores plantas de biometano do Brasil, localizada no município de Caucaia, responsável por suprir 15% do gás natural utilizado na indústria cearense. O biogás é um tipo de biocombustível produzido a partir da decomposição de materiais orgânicos (de origem vegetal ou animal), que são decompostos, produzindo uma mistura de gases, cuja maior parte é composta de metano. O metano, por sua vez, é um gás combustível, que pode ser aproveitado para geração de energia térmica, elétrica e como combustível veicular.

A empresa gestora do aterro sanitário de Caucaia, a primeira planta de biometano do Nordeste, é a GNR Fortaleza. A unidade tem capacidade de produção de 96 mil metros cúbicos diários de biometano. Desenvolvido em parceria com a Ecometano, o empreendimento está focado na comercialização do produto para a distribuidora cearense de gás natural, a Cegás, e não para geração de eletricidade.

Veja aqui o Atlas Eólico e Solar do Ceará.

Outros projetos energéticos em andamento

Refinaria de Petróleo do Pecém
A Multinacional brasileira Noxis Energy, controlada por capitais israelenses, já está trabalhando no Estado do Caerá para aproveitar o potencial energético e os beneficios de operar na região. A companhia investirá mais de 1,2 bilhão de dólares para a construção de uma Refinaria de Petróleo no Complexo Industrial e Portuário do Pecém, no Ceará, com uma capacidade incial de produção de 100 mil barris de petróleo por dia. O projeto também vai atrair o setor da construção com o qual a Noxis deverá tratar de desenvolver os projetos de engenharia. Estima-se que serão geradas 3 mil vagas de emprego diretas e indiretas. Entre os principais produtos que serão fabricados estão o Combustível Marítimo (bunker), Diesel e Gasolina.

Dislub Energia: O quarto maior distribuidor de combustíveis nas regiões Norte e Nordeste do Brasil, assinou em maio de 2022 com o Complexo do Pecém um pré-contrato para a implantação de seu projeto no parque. Com um investimento inicial de 300 milhões de reais (cerca de 60 milhões de dólares), dos quais 200 milhões de reais (cerca de 40 milhões de dólares) na primeira fase, o empreendimento tem o objetivo de criar uma solução logística mais moderna e eficiente ao mercado cearense de combustíveis. A capacidade inicial de armazenamento é de 60 milhões (MM) de litros de combustíveis.

A estimativa é que sejam gerados 350 empregos na construção do complexo e outras 100 vagas durante a operação. A expectativa é que o empreendimento comece a operar em 2025.

Supergasbras: Empresa do Grupo SHV Energy, a Supergasbras firmou em março de 2022 um acordo com o Complexo do Pecém para investir na construção de um terminal para armazenamento de gás liquefeito de petróleo (GLP). Com a assinatura deste pré-contrato, a área da Supergasbras está garantida.

Com capacidade para movimentar 480 mil toneladas/ano, o terminal de tancagem será utilizado para armazenar o GLP que chega ao Brasil em navios vindos, em sua grade maioria, do mercado norte-americano. O investimento estimado da companhia é de 920 milhões de reais (cerca de 184 milhões de dólares). Na fase de construção deve gerar aproximadamente 200 empregos diretos.

Este investimento proporcionará uma melhora significativa na infraestrutura para suprimento primário de GLP em toda a região Nordeste do Brasil.

Stolthaven Santos: A empresa assinou em março de 2022 um memorando de entendimento com o Complexo do Pecém para construir um parque de tancagem. Um parque de tancagem é um terminal de manuseio de combustíveis líquidos que chegam por navios e saem do porto em caminhões para o abastecimento de postos e aeroportos do Ceará. Hoje, apenas o Porto do Mucuripe, administrado pela Companhia Docas do Ceará, possui uma estrutura deste tipo. Controlada pelo grupo Stolt-Nielsen, líder global de soluções integradas de transporte e armazenagem de produtos líquidos a granel, a Stolthaven pretende operar com navios maiores com uma capacidade de armazenar até 90 mil toneladas de litros de combustível. A empresa também pretende instalar um depósito alfandegado de amônia, matéria-prima utilizada na produção do hidrogênio verde.

Projeto Santa Quitéria para a produção de fosfato e urânio
A empresa Galvani Fertilizantes, em parceria com a Indústrias Nucleares do Brasil (INB), ganhou a licitação e é a responsável pelos investimentos e por desenvolver os processos, a engenharia e os estudos para o licenciamento ambiental, a construção e a montagem do empreendimento do Projeto.

O Projeto Santa Quitéria terá investimento de R$ 2,3 bilhões e vai produzir anualmente 500 mil de toneladas de fertilizantes fosfatados e 250 mil toneladas de fosfato bicálcico para atendimento da agropecuária das regiões Norte e Nordeste. Além de 2,3 mil toneladas de de urânio em forma de concentrado de urânio (yellowcake), extraído do ácido fosfórico, que será utilizado como matéria-prima para fabricação de combustível para geração de energia termonuclear.

O projeto se encontra em fase de licenciamento ambiental e nuclear pela Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEM). Depois de aprovado, começa o ciclo de obras que deve durar dois anos. A previsão é que sejam gerados 2.800 empregos diretos nesse período.

A usina não terá barragem de rejeitos, graças a uma mudança tecnológica que permite que o beneficiamento do minério seja feito a seco, o que gerou melhorias tanto no processo como na gestão de riscos ao meio ambiente e às pessoas. Além da redução de 17% no consumo de água, essa mudança elimina a barragem de rejeitos, com um sistema de água totalmente fechado, sem descarte de água para o meio ambiente. O material que antes ia para uma barragem, agora vai para uma pilha de fosfogesso e cal, segundo explicam os especialistas.

Multimídia
Rádio: Leonardo Retto, fundador e CEO da Telhas Telite

Rádio: Açucena Gois, CEO e fundadora da IDSoft

Rádio: Lúcio Bonfim, sócio proprietário da BI Energia

Live: Marcelo Maranhão, presidente do Setcarce (Sindicato de Empresas de Transporte de Cargas e Logística do Ceará), e Jurandir Picanço, consultor da Federação das Indústrias do Estado do Ceará

Podcast: Sergio Araújo, coordenador de Atração de Empreendimentos Industriais Estruturantes do Ceará