Onde Investir

Home > Onde Investir > Novos ventos para o Agronegócio

Novos ventos para o Agronegócio

14:05 14 de novembro de 2022 Por Daniel Oiticica

O agronegócio tornou-se uma pujante realidade no estado do Ceará, com o desenvolvimento ao longo das últimas décadas. Uma produção diversificada, que adota o que há de mais moderno em tecnologia no segmento, com fundamental participação governamental na formulação de planos estratégicos para a expansão do setor.

Hoje, o Ceará e o Nordeste, apesar das estiagens do semiárido, apresentam progressos visíveis tanto na agricultura familiar como no agronegócio, amparados normalmente pelos próprios empreendedores e por ações oficiais.

“A carcinicultura (criação de camarão em cativeiro), ramo de fruticultura e hortaliças e a pecuária leiteira são os três setores do Agro que devemos dar uma atenção especial. São os setores que podem impactar mais diretamente na vida do produtor rural”, afirma Amílcar Silveira, presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Ceará.

Em 2021, de acordo com dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e do Instituto de Pesquisa Econômica e Estratégia do Ceará (Ipece), o agronegócio cearense fechou o ano com o VBP (Valor Bruto da Produção) de 10,4 bilhões de reais (cerca de 1,9 bilhões de dólares), registando um aumento de 26,5% sobre o ano de 2020, e, uma taxa média de 10,5% ao ano. As principais lavouras do Estados somaram 4,39 bilhões de reais (cerca de 828 milhões de dólares), ou 42,4% do VBP agrícola do Ceará. A pecuária totalizou 5,27 bilhões de reais (cerca de 1 bilhão de dólares) ou 50,8% do VBP e a Aquicultura 704 milhões de reais (cerca de 133 milhões de dólares) ou 6,8% do VBP.

As lavouras cresceram 17,6% em 2021 frente a 2020, com crescimento médio anual de 11,7% ao ano, destacando-se as frutas com 1,58 bilhões de reais (cerca de 298 milhões de dólares) e os grãos com 1,22 bilhão de reais (cerca de 230 milhões de dólares). As frutas se destacam na agricultura cearense, principalmente entre as lavouras irrigadas, juntamente com as hortaliças, flores e plantas ornamentais. Entre as frutas de maior importância econômica estão os melões, melancias, bananas, mangas, maracujá, acerola, coco e caju, para o mercado interno e exportação.

A Avicultura mantém sua posição de destaque. Segundo dados da Associação Cearense de Avicultura (Aceav), a Avicultura cearense está entre as mais eficientes do Brasil. Seu parque produtivo está espalhado por mais de 60 municípios. Garante à economia cerca de 15 mil empregos diretos e 60 mil indiretos. Na produção de ovos, segundo a Aceav, o Ceará é o segundo maior do Nordeste e oitavo do Brasil. Na produção de frango, ocupa a segunda posição no Nordeste e a décima no Brasil. Além disso, o Ceará sedia a única granja de avós do Norte e Nordeste, o que garante o fornecimento de material genético para a procriação das aves.

“Vemos uma oportunidade muito grande para quem quiser investir em insumos para fazer a avicultura crescer, porque o grande desafio da avicultura está na alimentação, na ração. Hoje temos que importar de outros Estados, mesmo tendo um Estado promissor na produção de grãos, que vem crescendo muito. Então, esse é o grande desafio e a grande oportunidade para que quiser investir nesse setor. Se tivermos uma maior produção de insumos dentro do Ceará, seremos muito mais competitivos. Um centro muito produtivo de grãos e que está inexplorado é a região do Cariri, onde podem ser produzidos muitos grãos”, afirma João Jorge Reis, presidente da Aceav. O consumo de insumos para a alimentação das aves no Ceara, segundo a Aceav chega a 50 mil toneladas por mês de milho e 25 mil toneladas de grão + farelo de soja por mês.

Nas exportações, de acordo com os dados do COMEX/STAT do MDIC, o Estado do Ceará destaca-se nacionalmente como o quinto maior exportador de frutas do País, o primeiro produtor e exportador de castanha de caju, primeiro exportador de água de coco, primeiro exportador de banana para a Europa, sobressaindo ainda nas exportações de sucos de frutas, mel de abelhas, hortaliças, flores, plantas ornamentais e peixes ornamentais.

Além disso, o Ceará se destaca como primeiro exportador de pescados marítimos, principalmente lagostas, peixes e conservas de pescado. Na aquicultura continental é o maior produtor de camarão do Brasil e produtor tradicional de Tilápia, experimentando novas tecnologias e realizando melhoramento genético. Ainda há enorme potencial para exploração continental e marítimo de produtos aquícolas.

Embora seja o mais recente, o setor da agricultura irrigada é o mais dinâmico do agro cearense, pois representando apenas cerca de 5% da área plantada total do Ceará, responde por cerca de 35% da Produção e 50% do Valor Bruto da Produção (Dados da Sedet/SAN e IBGE 2021). Além disso, como potencial para aumentar o valor agregado neste setor, a introdução de novas culturas alternativas é primordial, principalmente culturas de maior valor agregado, menor consumo de água e maior geração de empregos. Este é o foco atual do Ceará, traduzido no programa de eficiência no uso da água no setor agropecuário. (Programa FAO/Sedet-Adece/Funceme).

Cultivo Protegido, Mapeamento, Capacitação, Infraestrutura e Execução
O Ceará trabalha em parceria com várias instituições locais, regionais e estrangeiras para iniciar, no município de Barbalha (a 504 km de Fortaleza), na região do Cariri, as atividades de um Centro de Tecnologia em Cultivo Protegido (CTCP) para atender à produção de frutas, vegetais folhosos (alface, por exemplo), flores e também para criação de peixe e camarão. O cultivo protegido utiliza estufas (geralmente, coberturas plásticas) e garante vantagens em relação a técnicas tradicionais: melhor uso da água e solo; menor incidência de pragas e, portanto, menor consumo de pesticidas; proteção mais adequada contra mudanças climáticas; e, principalmente, itens com preços menos elevados para o produtor rural. Alguns produtores estimam ganhos econômicos próximos a 400% nos cultivos protegidos em relação aos tradicionais.

Tal experiência já é aplicada com sucesso na Holanda, Israel e Espanha, entre outros países. No próprio Ceará já existem iniciativas do tipo. Mas a proposta do CTCP é mais ampla: tornar-se um centro irradiador dessa tecnologia para outras regiões. Para alcançar essa meta, a Sedet buscou os melhores parceiros, a exemplo da Universidade holandesa de Wageningem – principal referência no setor, a Embrapa Tropical, sediada em Fortaleza, bem como especialistas da Unicamp e da própria UFC. Mas há ainda vários outros atores de destaque no projeto: Faec, Senar, BNB, BB, Mapa, Insa.

Este controle permite redução do efeito da sazonalidade, favorecendo uma oferta mais equilibrada das espécies cultivadas. Existem ainda outras vantagens como a redução no volume utilizado de defensivos agrícolas, maior produtividade, melhor qualidade dos produtos cultivados e maior número de empregos por hectare.

Introdução de Culturas Alternativas – Fruticultura
Os avanços de estudos para novas técnicas, tecnologias e espécies de plantas estão ajudando o agronegócio cearense a driblar o clima semiárido característico do Estado e ampliando o investimento nas chamadas culturas alternativas, produtos que ainda não eram cultivados no Ceará mas demonstram forte potencial. Uma dessas culturas que está despontando fortemente é o cacau, que após alguns anos de pesquisa se mostrou viável com produtividade ainda maior que a observada no Recôncavo Bahiano, região que cultiva a amêndoa desde o período da colonização do Brasil.

Além do cacau, a pitaya é um outro exemplo de culturas alternativas incentivadas e em expansão no Cearea. Por ser uma cactácea, característica de climas semiáridos, a pitaya se adapta facilmente no Ceará. É uma cultura de alto valor agregado, consome pouca água, e além de tudo é bom gerador de emprego, porque precisa de um trato manual. Outras iniciativas incluem o mirtilo e o avocado. Ambos devem começar a ser produzidos na Serra da Ibiapaba, que já tem cultivo de abacate.

O mel do Ceará desponta no mercado internacional
A apicultura é responsável pelo desenvolvimento de diversos municípios cearenses, contribuindo para o desenvolvimento e qualidade de vida da população dedicada à essa atividade.

“Os diferenciais do mel cearense estão exatamente na flora da caatinga. A caatinga é um bioma nordestino de grande impacto no Ceará, com a presença do marmeleiro, do velame, do bamburral, da jetirana, do mofumbo, do jiquiri, da jurema, vegetações propícias à produção de mel”, afirma Roberto Cariri, apicultor e Secretário de Turismo e Desenvolvimento Econômico de Amontada. “O mel dessas flores são méis orgânicos, ou seja, não há possibilidade nenhuma de ter controle de agrotóxicos. Por isso, hoje ele é um produto altamente competitivo e de grande agregador de valor no mercado externo”, completa.

As regiões cearenses para a apicultura são: Cariri, Baixo Jaguaribe, Sertões do Inhamuns e Crateús e Sertão Central, destacando-se os municípios de Parambu, Cariús, Pedra Branca, Tabuleiro do Norte e Jaguaribe. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2019 foram produzidos 2.677 toneladas de mel de abelha com valor de 19,6 milhões de reais (cerca de 3,7 milhões de dólares). Em 20200, este valor mais do que dobrou, passando para 3.895 toneladas, que geraram 39,25 milhões de reais (cerca de 7,4 milhões de dólares).

Ações governamentais para o Agronegócio cearense
-Promover a eficiência no uso da água e na gestão dos recursos hídricos.

-Estimular novas tecnologias e atividades agrícolas.

-Incentivar ações de pesquisa, desenvolvimento científico e tecnológico e a transferência de tecnologia.

-Apoiar a defesa agropecuária e uma legislação moderna para o setor.

-Atrair investimentos e promover o Agronegócio cearense.

-Planejar e apoiar a infraestrutura logística para a agropecuária e a pesca do Ceará.

Diretrizes governamentais para o Agronegócio cearense
-Redefinir áreas com maior potencial econômico.

-Identificar culturas de alto valor agregado.

-Priorizar culturas de maior eficiência no uso da água.

-Promover a geração de emprego e renda.

-Apoiar novas tecnologias de produção para a indústria.

-Estimular modos inovadores de assistência técnica.

-Elaborar dados e indicadores sobre o agronegócio.

-Criar gestão integrada de informações para o dinamismo na tomada de decisão dos investidores.

-Apoiar o acesso das empresas cearenses a mercados diferenciados.

-Promover a expansão das exportações e substituição de importações.

-Ampliar a participação do agronegócio no comércio exterior.

-Estruturar a política de defesa agropecuária.

-Participar e estimular a participação do setor em eventos.

Multimídia
Rádio: Roberto Cariri, apicultor e secretário de Turismo e Desenvolvimento Econômico de Amontada

Rádio: Fernando Botelho, diretor de controladoria da Crusoé Foods

Live: Erildo Pontes, coordenador de Recursos Hídricos para o Agronegócio da Sedet, e Roberto Cariri, apicultor e Secretário de Turismo e Desenvolvimento Econômico de Amontada

Podcast: Silvio Carlos Ribeiro, secretário executivo do Agronegócio do Ceará

Podcast: José Aguiar, coordenador do projeto Leite Caará (Sedet)

Podcast: Pedro Lopes, assistente de Gestão I da Coordenadoria da Pesca e Aquicultura da Secretaria Executiva do Agronegócio da Sedet

Quer saber mais sobre procedimento relacionados ao agronegócio? Entre no Portal de Serviços para o Investidor.